segunda-feira, 2 de novembro de 2009

E os pássaros cantam | CONVITE



Exposição na Galeria Arte Periférica
CCB Lisboa
Inaugura sábado 31 de Outubro, 15h30
Até 3 de Dezembro

Todos os dias 10h-20h

Depois de “Logo se vê”, conjunto de obras apresentadas na galeria Arte Periférica em 2007 que explorava o conceito de incomodidade no centro de várias referências existenciais e pictóricas, Isabel Sabino persegue a linha de trabalho enunciada em obras recentes em que a pintura, partindo sempre de experiências pessoais, é também descoberta no retomar de óperas deixadas incompletas pelos seus compositores. Assim, em “E os pássaros cantam”, um acidente real e o processo de sobrevivência às consequentes marcas emocionais tornam-se pretexto para uma alegoria mais vasta em que o espaço fechado da/s piscina/s e uma cor que tinge e contamina tudo obsessivamente falam do nosso tempo e da nossa relação com a vida e os lugares que habitamos.
Na pintura há, agora, uma presença gradualmente menor da matéria assumida como muro a riscar e romper. A superfície torna-se mais transparente em aguadas de cor, diversificando-se o grau de opacidade da tinta e os modos de registo, tal como a relação com o espaço, que vai recuperando a tridimensionalidade através da perspectiva e dos diferentes pontos de vista a que se remete o espectador, envolvendo-o.
Num plano paralelo, há um texto descontínuo de narrativas (no feminino) e os títulos das pinturas, deixando que as imagens e as palavras se completem e que a sensação se debata (ou não) com as ideias, num jogo entre a superfície e a profundidade de que resta um som ausente, um canto invisível.

ARTE E NATUREZA | Nature, Art, Change

Arte e Natureza
“Nature”, diziam os bolos embrulhados em papéis coloridos para despertar o desejo e recordar tradições nacionais e artistas contemporâneos: devorados num ápice, ficaram na mesa apenas os três tabuleiros vazios sobre a toalha branca. E também os papéis se foram.
“Art”, escreviam as minúsculas letras soltas feitas em massa doce, discretamente alojadas nas margens do jardim pequeno em três reduzidos derrames de ração para pássaros: as formigas chegaram imediatamente, os melros vieram pouco a pouco, e talvez mesmo os pássaros insectívoros tenham agradecido a dupla oferenda. Ainda há restos, entre fichas de identificação riscadas, para as aves que os quiserem. Talvez cantem mais assim.
“Change”, lê-se em pequenas tabuletas de gesso gravado, implantadas em estacas de madeira e ferro espetadas na terra, ao lado das que identificam as espécies botânicas: agora são o sol, a humidade do jardim grande, o próprio ar, agentes de uma transformação mais lenta do que as anteriores, mas igualmente eficaz no desfazer das diferenças. E papéis, coloridos de novo, são oferecidos por fim, para que do efémero e do incerto que caracterizam este tríptico - e que foi também o sentido geral da conferência que, com estas três peças, perfaz um todo - se possa guardar a frase de José Gomes Ferreira, aviso e elegia sobre uma alegada floresta, arte e natureza, bem entendido:
“É proibida a entrada a quem não andar espantado de existir”

Intervenções complementares da conferência "Uma (in)certa natureza", trabalho integrado no ciclo "Arte e Natureza" organizado pelo CIEBA/FBAUL, em Lisboa, respectivamente:
no Reservatório da Patriarcal, Largo do Príncipe Real; no jardim da FBAUL, Largo da Academia Nacional de Belas Artes; e no Jardim Botânico, Rua da Escola Politécnica.